segunda-feira, 27 de junho de 2011

A PEDAGOGIA DA INCLUSÃO

A PEDAGOGIA DA INCLUSÃO
(anotações religiosas sobre a religiosidade de Jesus)
Evangelho de Mateus 15. 21-17
O diálogo de Jesus com a mulher cananéia (que o evangelista não achou digna nem de receber o nome no evangelho)  é registrado entre o confronto dos escribas e fariseus com Jesus, inicio do capitulo 15, e os milagres que Jesus fazia (mudos falavam, aleijados recobravam saúde, coxos andavam e cegos viam) e a multiplicação dos pães. Todo este capítulo é uma grande lição sobre a maneira como Jesus vive e apresenta a nova religião, diante de uma religião morta e opressora. Jesus faz um libelo à inclusão de todos os que estavam fora da sociedade religiosa da época e, portanto, fora do Reino de Deus.
A superação da infidelidade
A acusação dos fariseus e escribas era que Jesus e seus discípulos não eram fiéis à tradição dos anciãos. “Eles não lavam as mãos quando comem”. De igual sorte os discípulos de Jesus quando viram uma mulher que estava pedindo a cura para sua filha disseram: “Despede-á, pois vem clamando atrás de nós.” Essa belíssima cena narrada por Mateus nos faz perguntar: quem de fato era infiel? Jesus diz que havia sido enviado para as ovelhas perdidas da casa de Israel. A ovelha perdida (infiel) não era a mulher cananéia, pois ela nem era da casa de Israel. A religiosidade de Jesus nos leva a superar a nossa infedilidade, mesmo quando achamos que somos fiéis e acusamos os outros de infidelidade. Esse ato faz com que o infiel seja incluído novamente no Reino de Deus.
A superação da incredulidade
A religiosidade de Jesus faz com que os escribas e farizeus sejam questionados num dos pontos centrais da sua crença. Eles perguntaram pela lavagem das mãos e Jesus sabiamente responde: “ Porque transgredis vós também o mandamento de Deus, por causa da vossa tradição?” No diálogo de Jesus com a mulher cananéia está evidente que Jesus faz um questionamento não sobre a crença da mulher, mas sobre a crença dos discípulos. “Não é bom tomar o pão dos filhos e lança-los aos cachorrinhos.” Jesus espera uma resposta dos crentes que estão ao seu lado há muito tempo. Eles não sabem o que dizer porque não compreendem a pedagogia da inclusão de Jesus. A mulher cananéia responde corretamente e nessa resposta temos a superação da incredulidade. Tanto Jesus como os discípulos e também os escribas e fariseus são evangelizados pela mulher estrangeira.
A superação da marginalidade
“ Os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”. Essa afirmação é profunda. Aquela mulher estrangeira inclui todos os que não são da fé de Israel (os cachorrinhos)  como possíveis recebedores das migalhas (o evangelho). Percebam que a mesa é do dono (Deus) que mediante Jesus permitiu que as migalhas fossem distribuídas a todos os gentios. Essa grande lição está concretizada no final do capítulo. Houve pão para todos os famintos (não as migalhas, mas pão) não mais os restos de uma religião farisaica e hipócrita, que distribuía as bênçãos para aqueles que ficavam marginalizados ao redor do templo, mas os filhos de Deus recebem agora o pão da vida. A religiosidade de Jesus rompe com a marginalidade e inclui todos no Reino de Deus.
Rev. Luiz Longuini Neto