segunda-feira, 23 de maio de 2011

ESPIRITUALIDADE CAIPIRA

....como eu não sei rezar...só queria mostrar meu olhar....
A espiritualidade é algo tão rico que nem carece de adjetivos e explicações. No entanto é sempre muito difícil falar desse trem sem buscar apoio em outros recursos. Talvez não seja muito fácil, porque a espiritualidade é como a vida, ou melhor, é a própria vida. A palavra grega pneuma significa vento, sopro. Então pode ser o sopro da vida. Tudo que tem vida tem espírito toda physis (natureza que inclui o ser humano, os animais, as plantas).
Tradicionalmente nos acostumamos a relacionar espiritualidade com religiosidade, ou com as coisas que dizíamos ser do espírito, deixando de lado as coisas materiais. Essa visão tradicional nos levou a escolher lugares privilegiados, ações específicas, pessoas separadas, com íntima relação com o espírito, e do outro lado todos os que estavam fora dessa relação “sagrada”.
Depois dessa longa caminhada e de ensinamentos de grandes mestres, doutrinas e escolas filosóficas que perpassaram épocas e mundos distintos: Vedas, Moisés, Buda, Platão, Jesus, Paulo, Santo Agostinho, Tomas de Aquino, São João da Cruz, São Jerônimo, Santa Tereza D´Ávila, Avicena, Gandhi, Martin Luther King, Madre Tereza, Padre Cícero, Antônio Conselheiro, Freud, Kardec, Chico Xavier, Mestre Gabriel, Guru Dev, Rubem Alves, Leonardo Boff, Edgard Morin, dentre tantos e tantas. A espiritualidade toma outro rumo de compreensão.
A saga narrada por Renato Teixeira na música Romaria pode nos ajudar a compreender uma das muitas faces que a espiritualidade possui. Os dramas da existência nos ajudam a perceber o sopro da espiritualidade quando ela “ilumina a mina escura e funda, esse trem que é a minha vida.”  A busca que todo ser humano empreende durante a sua existência é sempre a profunda busca pela espiritualidade, dimensão última da existência como afirmou o filósofo alemão Martin Heidegger: “o ser humano é um ser para a morte”. A morte de que fala Heidegger não é a morte final, mas a morte como concretização da espiritualidade, a morte como emancipação e autenticidade última da existência. Afinal a mitologia hebraica afirmava isso: viemos do pó e para viver tivemos o sopro da vida, voltaremos ao pó, e seremos recolhidos pelo eterno sopro da nossa existência.
Assim nessa busca que não cessa podemos encontrar as muitas emoções da espiritualidade. Vamos ouvindo por todos os lados que devemos fazer isso ou aquilo. Acender velas, acreditar em anjos, frequentar igrejas, incensar a casa e a vida, benzimentos, cultos, rezas, sessões, esmolas, peregrinações, romarias, orações. Tudo pode ter o seu lugar e cada um sabe a dor e a alegria de ser aquilo que é como afirma Caetano. Mas há um elemento primordial nessa busca. Quando todos falam o que a gente deve fazer: “me disseram porem, que eu viesse aqui, pra pedir em romaria e prece, paz nos desalentos.” A nossa alma suspira como a corça sedenta pela fonte de água. Desejar a espiritualidade e paz nos desalentos faz parte da nossa existência e não há vergonha em desejar ou em viver essa busca incessante. Mas há algo que pode provocar o milagre que transforma a nossa vida e nos faz ter um encontro com o sublime. E ao final nos sentimos plenos, quase satisfeitos: COMO EU NÃO SEI REZAR, SÓ QUERIA MOSTRAR MEU OLHAR, MEU OLHAR, MEU OLHAR.  A espiritualidade é o encontro do nosso olhar com o olhar do outro, do nosso olhar com o olhar de tudo aquilo que confessamos entre suspiros e gemidos e pronunciamos bem devagar:
D E U S.


2 comentários:

  1. outro dia me peguei orando num show de rock num bar de motoqueiros... outro dia me peguei chorando depois de uma peça de teatro... o mesmo choro e a mesma oração que as vezes faço em meu quarto, eu e Deus. A espiritualidade é tudo isso que você disse e mais... é como a energia escura do universo: pouco conhecemos mais preenche quase todo o espaço... abração amigao continue escrevendo!

    ResponderExcluir
  2. Olá! Pastor Longuini: estava procurando um celebrante para meu casamento que acontecerá daqui há um ano em janeiro de 2013...quando encontrei seu nome e, por fim, seu blog...gostei muito de conhecer seus pensamentos e senti afinidade com eles...gostaria de um contato para vermos a possibilidade de celebrar meu casamento, meu email é: raquelcatucha@yahoo.com.br.
    Muito obrigada pelo contato! Mas, mesmo que não seja possível...muito obrigada pelas lindas mensagens! É sempre um prazer conhecer mentes tão espiritualizadas! RAquel.

    ResponderExcluir