sábado, 7 de maio de 2011

MÃES DESCONHECIDAS CUJAS MÃOS SUSTENTAM NOSSAS VIDAS


...está ai um menino que trouxe um lanche, cinco pães de cevada e dois peixinhos...

Madres de la Plaza de Mayo. Mães da Candelária. Mães de Acari. Movimentos sociais que se tornaram conhecidos em todo o mundo. Mães que lutaram e lutam por justiça, lutam por amor aos filhos que foram covardemente torturados e chacinados.
Na cozinha da nossa casa lá no interior paulista eu ficava admirando a minha mãe. O fogão de lenha, a chaleira, os panos de chita coloridos que tapavam os buracos na parede para estancar o frio. O café quente, o leite fervendo. No rádio do pai todos os dias depois da Ave Maria das seis da tarde o programa Na Beira da Tuia, com Tonico e Tinoco. E uma das músicas guardadas nas memórias da infância fala da Mulher do Carreiro. Após a morte do marido, que ganhava a vida tocando carro de boi, a esposa torna-se a primeira mulher que carreou no sertão. Assim diz a última estrofe:Minha mãe foi pioneira, foi a primeira carreira, que no sertão carreou. Depois que meu pai se foi, com o seu carro de boi, todos filhos ela criou.”
Renato Teixeira na sua música Sina de Peão faz uma declaração emocionante: “uma cegueira triste, certo dia, nos olhos calmos do meu pai entrou. Varreu as cores do seu pensamento, ele deitou na cama nunca mais falou. A minha mãe mulher de raça forte, pegou as rédeas com as duas mãos. Eu enterrei minha alma na viola, plantei poesias e colhi canções.”
Mães da Plaza de Mayo, Mães da Candelária, Mães de Acari, Mulher do Carrero, Mulher de raça forte. Mulheres valentes cujas mãos desconhecidas embalam as nossas vidas.
Saulo de Tarso transformado no Apóstolo Paulo, o maior apóstolo da cristandade, quando escreveu a sua mais importante carta, talvez o maior tratado teológico no novo testamento, a carta aos romanos, com o intuito de fazê-la circular pelas igrejas cristãs primitivas, recomendou o seu cuidado não a um apóstolo e a nenhum líder homem da igreja nascente. Entregou o maior tesouro do novo testamento às mãos de uma mulher: FEBE, diaconisa da igreja de Cencréia, que era protetora de muitos e de mim também, declarou o apóstolo.
Quando um jovem maluco de cabelo comprido, sandálias nos pés, queimado de sol, meio revolucionário e meio filósofo, meio líder religioso e meio reformador social, andava pela Palestina, cercado de prostitutas, gente pobre, pescadores fedidos, houve um evento interessante, que muitos retrataram como um milagre. A multidão estava com fome e não havia comida para todos. Os apóstolos alertaram o mestre que havia um menino entre o povo com um pequeno lanche, pão e peixe. Aquele jovem meio maluco pediu o lanche e começou a repartir, houve pão e peixe para todos, muita comida, alguns trouxeram vinho e chamaram o sanfoneiro que morava em Emaús. A festa foi grande, comeram, beberam e bailaram até o amanhecer. Ainda sobrou muita comida.
No outro dia Jesus Cristo reuniu todo o povo e pediu que todos agradecessem a mãe daquele menino. Ela nem estava lá e a Bíblia nem fala seu nome. Jesus Cristo disse que muitas mulheres eram mães desconhecidas e que mesmo assim, estavam cuidando das nossas vidas. Ele disse que o menino ali estava porque havia sido educado para ouvir coisas importantes. O menino tinha vigor físico para caminhar junto com o povo. O lanche que trouxe era especial, sim, de família pobre, pão de cevada, comida de pobre e não de trigo, comida de rico, dois peixinhos, também comida de pobres pescadores. Mas o peixe que trazia não era comum, Jesus disse que era um “cozido de peixes”, ou seja, a mãe havia pensado em preparar o lanche para o filho que sairia em viagem.  Aquela mãe desconhecida também havia ensinado seu filho a repartir dos seus bens, compartilhar com os outros famintos o pouco que ele tinha, porque de acordo com os valores do reino de Deus, o pouco que é repartido torna-se um grande milagre. No segundo domingo de maio homenageamos as nossas mães. Que esse seja um dia de profunda gratidão por essas valentes e valorosas mulheres, as que conhecemos e as que não conhecemos. Porque mesmo desconhecidas elas protegem e embalam as nossas vidas.
Luiz Longuini Neto
06/05/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário